Transformar o conhecimento científico produzido na Universidade em produtos e serviços úteis à sociedade é uma das principais motivações de núcleos e agências de inovação. Em 2009, o trabalho de transferência de tecnologia da Agência UFRJ de Inovação plantou sementes importantes, que devem se transformar em avanços importantes no futuro próximo, aplicados aos mais variados mercados – da fábrica até o consultório médico.
Já em dezembro, uma reunião com representantes da Natura, realizada aqui na Agência UFRJ de Inovação, formalizou um acordo de cooperação entre a empresa, a UFRJ e a Universidade Estadual Paulista (Unesp). Ao longo do ano, você acompanha aqui no Por dentro mais informações sobre esse novo convênio.
Enquanto isso, vale lembrar alguns casos de sucesso que passaram pela Agência, já foram citados e comentados aqui no blog e, hoje, já estão praticamente prontos para o mercado, acessíveis à sociedade.
Um dos destaques é o chamado Propeno Verde. O material é uma alternativa para a produção de plástico e ganhou esse apelido devido à sua produção a partir de fonte renovável, de acordo com os princípios ecológicos e sustentáveis. O Propeno Verde é produzido a partir de resíduos de glicerina e é fruto de uma forte parceria entre empresa e universidade. A empresa é a Quattor Petroquímica, recentemente comprada pela Braskem, e, na UFRJ, as pesquisas foram conduzidas pelo professor Cláudio Mota, do Instituto de Química.
A parceria entre o laboratório coordenado por Cláudio Mota e a Quattor foi formalizada em 2003, quando se iniciou o trabalho conjunto de desenvolvimento de uma alternativa ao método tradicional de produção de polipropileno (plástico). Atualmente, a produção dessa substância é realizada a partir de um derivado do petróleo (nafta). Agora que a pesquisa foi desenvolvida, vai ser possível produzir o mesmo material a partir da glicerina, um dos resíduos da produção do biodiesel.
Depois de seis anos de trabalhos conjuntos, em janeiro de 2009, foi finalmente consolidado um contrato que vai permitir a Quattor explorar comercialmente a descoberta. O maquinário para a produção do Propeno Verde será o mesmo utilizado para a produção do propeno comum, o que deve agilizar a disponibilização da tecnologia no mercado, prevista para os próximos anos.
Vem também do Instituto de Química outro destaque de 2009. Trata-se do luminol brasileiro. A tecnologia já é conhecida por muitos, depois de se popularizar em filmes e seriados, como o norte-americano CSI. No entanto, depois de demonstrar inúmeras vantagens em relação ao produto importado dos EUA, o luminol produzido na UFRJ começou a ganhar destaque.
Em 2002, um convênio entre a Polícia Militar do Rio de Janeiro e o laboratório coordenado pelo professor Cláudio Lopes proporcionou as primeiras experiências do reagente nas ruas. Na época, a parceria ajudou a solucionar alguns crimes. Em entrevista ao Portal UFRJ, o professor Cláudio Lopes destacou a importância da aplicação da tecnologia na solução dos crimes, citando um dos casos de violência mais marcantes dos últimos anos. “Se na época do assassinato do jornalista Tim Lopes a polícia brasileira já utilizasse o Luminol, o trabalho dos peritos seria facilitado para descobrir o local do crime e fazer o reconhecimento do corpo da vítima”, disse o professor.
Agora, as apostas do Cláudio Lopes e de toda sua equipe poderão ser confirmadas. No final de 2008, o luminol da UFRJ foi licenciado para a Alfa Rio Química, empresa de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Diferente da Quattor, a empresa não participou do processo de desenvolvimento do produto, realizado inteiramente no Lasape. No entanto, após publicação de um edital público, entrou em contato com a Agência UFRJ de Inovação, que realizou as transações necessárias para permitir a exploração econômica.
A substância já está sendo produzido em escala industrial e já está tudo pronto para que a Alfa Rio realize a comercialização do produto, que deve ser de uso exclusivo da Polícia. Além do uso nas investigações criminais, o Luminol também é útil em laboratórios e outras atividades que lidam com identificação de sangue oculto.
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