Como vive a periferia de uma cidade moderna? Sobre que estruturas sociais se fundamentam uma favela? Desde meados dos anos 70, essas e outras perguntas motivam o trabalho da antropóloga mexicana Larissa Lomnitz, doutora pela Universidade Nacional Autônoma do México (Unam). Larissa se tornou referência no campo da antropologia social ao lançar em 1975 o livro “Cómo vivén los marginados” (ainda não lançado em português) e está visitando a UFRJ pela segunda vez, convidada pelo Programa de Engenharia de Produção da Coppe-UFRJ, um dos principais parceiros da Agência UFRJ de Inovação na área de Inovação Social. “Às vezes uma universidade muito grande, muito focada em pesquisa tem dificuldade de entender a inovação social, que se confunde com a extensão universitária. A inovação social representa algo a mais do que extensão”, comentou a Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Angela Uller, durante a abertura do evento, no dia 14, otimista com a possibilidade de aprofundar o debate sobre a inovação social na Universidade.
A primeira passagem de Larissa por aqui, em 2008, resultou na produção do livro “Redes Sociais, Cultura e Poder”, lançado oficialmente hoje à noite no Parque das Ruínas, em Santa Teresa. A proposta da nova visita é dar continuidade ao curso do ano passado, porém relacionando-os à realidade brasileira, apesar da análise de Lomnitz ser essencialmente voltada para o cenário mexicano. O seminário começou na segunda-feira, dia 14, e teve continuidade ontem com a conferência “Redes horizontais e verticais na estrutura social do México”, feita por Larissa Lomnitz, com a colaboração do espanhol José Luis Molina, pesquisador da Universidade Autônoma de Barcelona que também estuda o fenômeno das redes sociais.
Aproveitando a ocasião, Molina conversou com o Por dentro e falou sobre o papel da Universidade e de uma Agência de Inovação no contexto da Inovação Social. Para ele, as redes sociais permitem identificar as atividades e campos de atuação onde a inovação pode se manifestar. Ele se baseia em uma das ideias expostas durante a apresentação de Lomnitz para falar do papel da Universidade: o brokerage-enclosure. No caso de uma universidade, o conceito diz respeito ao equilíbrio entre a atenção à demanda social e trabalho interno. “Para que um projeto se concretize, é preciso duas características: centros de pesquisa e tecnologia e uma periferia heterogênea, com gente de todo tipo, que contribui com novas ideias e experiências para o trabalho acadêmico”, explica.
Molina vê com bons olhos a possibilidade de interação entre inovação social e inovação tecnológica existente na Agência. Assim como Roberto Bartholo, coordenador do Programa de Engenharia de Produção, ele lembra que inovações tecnológicas podem muitas vezes servir de suporte para inovações sociais, transformando relações. “O telefone móvel, por exemplo, no começo apresentava o recurso de mensagens SMS apenas como acessório. Hoje em dia, a prática de enviar mensagens via celular representa uma mudança na forma como as pessoas se comunicam”, disse o pesquisador, citando um dos muitos exemplos que cabem à explicação.
Próximas atividades
Depois do lançamento do livro, hoje à noite, o seminário retoma as atividades no dia 21 e 22 de setembro. Além das conferências na UFRJ, Larissa Lomnitz visita universidades no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais. As aulas dos dias 21 e 22 vão ser transmitidas ao vivo, pelo endereço http://eventos.coppe.ufrj.br.
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