A IV Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação vem aí. Marcado para os dias 26, 27 e 28 de maio, o evento que ocorre em Brasília tem a intenção de mobilizar diversos setores da sociedade em favor do debate sobre o tema.
Enquanto os debates regionais amadurecem para as grandes plenárias previstas para ocorrer na capital federal, já dá pra ter uma ideia do que está sendo organizado para o encontro. O Ministério da Ciência e da Tecnologia (MCT) divulgou ontem uma entrevista com Luiz Davidovich, secretário geral da Conferência, em que ele fala sobre as principais expectativas para mais uma edição do evento, que não ocorre desde 2005, quando foi realizada a terceira edição. Confira:
Ministério da Ciência e Tecnologia - O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, tem reiterado a importância de transformar a política de CT&I do País em uma Política de Estado. Na sua visão, quais são as contribuições da 4ª CNCTI para atingir esse objetivo proposto?
Luiz Davidovich - A 4ª CNCTI pode contribuir identificando questões estratégicas para o desenvolvimento sustentável do País e construindo um consenso em relação a como enfrentar essas questões nos próximos governos. Para isso, é importante que ela seja de fato uma conferência da sociedade, uma oportunidade para que os diversos setores que se relacionam à CT&I possam contribuir com a formulação de um plano estratégico para os próximos anos.
MCT - Quais são os principais desafios na condução da 4ª CNCTI?
Davidovich - Em primeiro lugar, há o desafio de mobilizar a sociedade em relação a esse tema, aproveitando a oportunidade da realização da Conferência para discutir e veicular a importância da ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento do País. Além disso, precisamos elaborar um programa que responda aos anseios de diversos setores e que identifique os grandes temas que devam ser enfrentados nos próximos anos. Há também o desafio de dar seguimento aos debates e às propostas da 4ª CNCTI, de modo que as discussões não se limitem a esse evento.
MCT - O que poderia apontar como diferença ou mesmo destaque deste evento em comparação às edições anteriores?
Davidovich - Há uma diferença óbvia, decorrente do fato de que mudou o cenário internacional, desde a última conferência, realizada em 2005 e, além disso, no plano nacional pudemos experimentar a eficácia de novos instrumentos de apoio à inovação e à P&D, como a Lei de Inovação e a Lei do Bem. No âmbito internacional, emergem novos desafios, decorrentes da crise econômica global, que ainda não foi superada, e de indicadores alarmantes sobre as consequências climáticas da atividade humana. Vários países consideram que o investimento em CT&I é o melhor caminho para vencer esses desafios. Fontes alternativas de energia são pesquisadas e o desenvolvimento sustentável torna-se um item obrigatório na agenda internacional, abarcando não só a dimensão econômica e ambiental, mas também a social. Embora esse já fosse um tema da conferência anterior, ele ganha agora uma dimensão muito maior.
MCT - A participação de entidades representativas como a Associação Brasileira de Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti), a Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei) e a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) é importante na condução da 4ª conferência? Como essas entidades podem contribuir para a continuidade do debate?
Davidovich - Essas entidades certamente serão representadas nos debates na 4ª CNCTI. Mas é importante que esses debates não se limitem aos três dias da conferência, que essas entidades promovam reuniões para levantar os temas relevantes nas áreas em que atuam. Isso contribuirá para aumentar a qualidade da participação dessas instituições na conferência.
MCT - À frente da 4ª CNCTI, quais medidas consideraria importantes para um próximo plano de ação na área de CT&I como forma de alavancar o desenvolvimento sustentável do País?
Davidovich - Não gostaria de me adiantar às conclusões da 4ª CNCTI, cujo objetivo é justamente o de definir essas ações. Mas as discussões já em andamento nos últimos meses apontam temas recorrentes, considerados fundamentais para o desenvolvimento sustentável do País. Um deles é a necessidade de ampliar a base em que se apoia nosso desenvolvimento, de utilizar plenamente as vantagens competitivas do Brasil, que são o tamanho de sua população, sua extensão territorial e a riqueza de sua diversidade regional. Nosso protagonismo internacional ficará necessariamente prejudicado se não garantirmos uma educação de qualidade a toda a nossa população e se não conseguirmos motivar nossos jovens para a ciência e a tecnologia. Essa formação deve ser diversificada, precisamos formar técnicos, cientistas em várias áreas, engenheiros com visão ampla, que possam acompanhar a evolução acelerada do conhecimento nos dias de hoje. Precisamos também considerar que a inovação, associada às atividades de pesquisa e desenvolvimento nas empresas, é o motor do desenvolvimento no mundo atual.
MCT - Nesse sentido, como avalia o cenário de P&D no País?
Davidovich - No Brasil, a P&D em empresas, embora tenha aumentado nos últimos anos, é ainda muito reduzida. Basta notar a predominância das universidades no registro de patentes. Dessa forma, surge como tema importante a internacionalização do Brasil, entendida como o aumento do protagonismo internacional, com uma ciência que ocupe um lugar de liderança e com empresas globais que possam concorrer no cenário internacional com produtos de alto valor agregado. Precisamos também de ações claras em relação aos verdadeiros tesouros que temos em nosso País , em particular a Amazônia, cuja exploração sustentável exige uma grande dose de ciência, tecnologia e engenhosidade política. Temos uma oportunidade única e uma posição privilegiada para desenvolver uma "tecnologia tropical". A mesma consideração vale para a "Amazônia Azul", essa vasta faixa de oceano que apresenta vários desafios, entre os quais o pré-sal. Temos também, uma posição privilegiada na área de bioenergia, mas precisamos de ciência e tecnologia da mais alta qualidade para poder aproveitar essas oportunidades.
MCT - O senhor poderia destacar temas prioritários a serem levados ao debate na conferência?
Davidovich - A partir das reuniões que temos tido com vários setores, destacam-se como temas prioritários a educação de qualidade em todos os níveis, o debate sobre novos padrões de desenvolvimento via inovação, o papel da inovação na agenda empresarial, o desenvolvimento da ciência básica, o papel do Brasil no mundo, e o papel da CT&I na redução das desigualdades e na inclusão social. Cada um desses temas, abordados em sessões plenárias, será desdobrado em sessões paralelas, que discutirão detalhadamente áreas estratégicas para o desenvolvimento, e temas como clima e meio ambiente e questões institucionais, relacionadas com a organização do Sistema Nacional de CT&I.
Fonte: MCT
Luiz Davidovich - A 4ª CNCTI pode contribuir identificando questões estratégicas para o desenvolvimento sustentável do País e construindo um consenso em relação a como enfrentar essas questões nos próximos governos. Para isso, é importante que ela seja de fato uma conferência da sociedade, uma oportunidade para que os diversos setores que se relacionam à CT&I possam contribuir com a formulação de um plano estratégico para os próximos anos.
MCT - Quais são os principais desafios na condução da 4ª CNCTI?
Davidovich - Em primeiro lugar, há o desafio de mobilizar a sociedade em relação a esse tema, aproveitando a oportunidade da realização da Conferência para discutir e veicular a importância da ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento do País. Além disso, precisamos elaborar um programa que responda aos anseios de diversos setores e que identifique os grandes temas que devam ser enfrentados nos próximos anos. Há também o desafio de dar seguimento aos debates e às propostas da 4ª CNCTI, de modo que as discussões não se limitem a esse evento.
MCT - O que poderia apontar como diferença ou mesmo destaque deste evento em comparação às edições anteriores?
Davidovich - Há uma diferença óbvia, decorrente do fato de que mudou o cenário internacional, desde a última conferência, realizada em 2005 e, além disso, no plano nacional pudemos experimentar a eficácia de novos instrumentos de apoio à inovação e à P&D, como a Lei de Inovação e a Lei do Bem. No âmbito internacional, emergem novos desafios, decorrentes da crise econômica global, que ainda não foi superada, e de indicadores alarmantes sobre as consequências climáticas da atividade humana. Vários países consideram que o investimento em CT&I é o melhor caminho para vencer esses desafios. Fontes alternativas de energia são pesquisadas e o desenvolvimento sustentável torna-se um item obrigatório na agenda internacional, abarcando não só a dimensão econômica e ambiental, mas também a social. Embora esse já fosse um tema da conferência anterior, ele ganha agora uma dimensão muito maior.
MCT - A participação de entidades representativas como a Associação Brasileira de Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti), a Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei) e a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) é importante na condução da 4ª conferência? Como essas entidades podem contribuir para a continuidade do debate?
Davidovich - Essas entidades certamente serão representadas nos debates na 4ª CNCTI. Mas é importante que esses debates não se limitem aos três dias da conferência, que essas entidades promovam reuniões para levantar os temas relevantes nas áreas em que atuam. Isso contribuirá para aumentar a qualidade da participação dessas instituições na conferência.
MCT - À frente da 4ª CNCTI, quais medidas consideraria importantes para um próximo plano de ação na área de CT&I como forma de alavancar o desenvolvimento sustentável do País?
Davidovich - Não gostaria de me adiantar às conclusões da 4ª CNCTI, cujo objetivo é justamente o de definir essas ações. Mas as discussões já em andamento nos últimos meses apontam temas recorrentes, considerados fundamentais para o desenvolvimento sustentável do País. Um deles é a necessidade de ampliar a base em que se apoia nosso desenvolvimento, de utilizar plenamente as vantagens competitivas do Brasil, que são o tamanho de sua população, sua extensão territorial e a riqueza de sua diversidade regional. Nosso protagonismo internacional ficará necessariamente prejudicado se não garantirmos uma educação de qualidade a toda a nossa população e se não conseguirmos motivar nossos jovens para a ciência e a tecnologia. Essa formação deve ser diversificada, precisamos formar técnicos, cientistas em várias áreas, engenheiros com visão ampla, que possam acompanhar a evolução acelerada do conhecimento nos dias de hoje. Precisamos também considerar que a inovação, associada às atividades de pesquisa e desenvolvimento nas empresas, é o motor do desenvolvimento no mundo atual.
MCT - Nesse sentido, como avalia o cenário de P&D no País?
Davidovich - No Brasil, a P&D em empresas, embora tenha aumentado nos últimos anos, é ainda muito reduzida. Basta notar a predominância das universidades no registro de patentes. Dessa forma, surge como tema importante a internacionalização do Brasil, entendida como o aumento do protagonismo internacional, com uma ciência que ocupe um lugar de liderança e com empresas globais que possam concorrer no cenário internacional com produtos de alto valor agregado. Precisamos também de ações claras em relação aos verdadeiros tesouros que temos em nosso País , em particular a Amazônia, cuja exploração sustentável exige uma grande dose de ciência, tecnologia e engenhosidade política. Temos uma oportunidade única e uma posição privilegiada para desenvolver uma "tecnologia tropical". A mesma consideração vale para a "Amazônia Azul", essa vasta faixa de oceano que apresenta vários desafios, entre os quais o pré-sal. Temos também, uma posição privilegiada na área de bioenergia, mas precisamos de ciência e tecnologia da mais alta qualidade para poder aproveitar essas oportunidades.
MCT - O senhor poderia destacar temas prioritários a serem levados ao debate na conferência?
Davidovich - A partir das reuniões que temos tido com vários setores, destacam-se como temas prioritários a educação de qualidade em todos os níveis, o debate sobre novos padrões de desenvolvimento via inovação, o papel da inovação na agenda empresarial, o desenvolvimento da ciência básica, o papel do Brasil no mundo, e o papel da CT&I na redução das desigualdades e na inclusão social. Cada um desses temas, abordados em sessões plenárias, será desdobrado em sessões paralelas, que discutirão detalhadamente áreas estratégicas para o desenvolvimento, e temas como clima e meio ambiente e questões institucionais, relacionadas com a organização do Sistema Nacional de CT&I.
Fonte: MCT
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